“Triste coisa é a terra alheia”.
Juvenal Galeno
Somos um povo que desafia a viola, num repente, mestres do improviso como quem implica com a própria vida. Renitente, resistente, penitente, é assim que somos cearenses. Ouvimos os rangidos, os lamentos, os gritos soltos nas feiras, a cantiga dos que se retiram, mouros do sertão embrasado, do menino atuzigado pelo rame-rame da roldana, no poço quase vazio.
Somos assim, sem fronteiras, desbravadores do desconhecido, desassombrados, assanhados, sem qualquer acanhamento para pelejar noites a fio. Temos um sangue nas veias permeado de sonhos e sal, de mar e velas, jangadas e algodão. Temos as melodias do reizado, dos congos ancestrais, de maracatus dolentes. História contada em cordéis infinitos.
O cearense se reconhece no olhar, numa cumplicidade única em meio a tantos povos. Conhecemos-nos pelo dialeto, pela forma de tratar afável, pela bravura indomável, fé inabalável, muito embora a paisagem esturricada de vez em sempre diga não. Por isso achamos bonito aquele tempo chuvoso, que deixa passarinho nervoso procurando abrigo, pois sabem que quando o céu está negro a tempestade vem à galope que é pra gente festejar no terreiro, correndo na areia molhada, tomando banho de bica que escorre do avarandado.
Temos a delicadeza das dunas, o colorido das areias nas garrafas, os fios rendados nos bilros e labirintos, os mares de um verde sem fim, rompemos paradigmas, contradizemos predições, desconstruímos conceitos, fundamos códigos, fazemos verdade. Jangadeiros que enfrentam ondas e borrascas. Recarregamos em nossas praias a energia ensolarada de redes que balançam, de conversas que embalam, de amigos que se encontram. Vamos e voltamos como quem busca reencontrar a nós mesmos. Nossos caminhos, por mais longos que sejam, terminam nesta terra de abraço carinhoso e inexplicável beleza.
Fugimos dos padrões, as convenções nos assustam, renovamos pensamentos, adubamos movimentos, somos um moto contínuo, uma raça esquisita, de mulheres mais que bonitas, fortes, morenas, decididas.
Somos um povo de homens de brio, de vergonha na cara, de sorriso que escancara, que jamais recua, que não contém o avanço, que não conhece descanso, sempre a lutar por mais um dia.
O Ceará é assim. Um povo que libertou seus escravos antes do Brasil. Que escreveu sua história com ternura e fogo. Um mar de contrastes sem parelha, de paisagens e delírios, de vertentes e correntes, de coragem e sonhos. É lugar de gente boa, povo macho, pujante, feliz. Um celeiro de personagens.
Juvenal Galeno
Somos um povo que desafia a viola, num repente, mestres do improviso como quem implica com a própria vida. Renitente, resistente, penitente, é assim que somos cearenses. Ouvimos os rangidos, os lamentos, os gritos soltos nas feiras, a cantiga dos que se retiram, mouros do sertão embrasado, do menino atuzigado pelo rame-rame da roldana, no poço quase vazio.
Somos assim, sem fronteiras, desbravadores do desconhecido, desassombrados, assanhados, sem qualquer acanhamento para pelejar noites a fio. Temos um sangue nas veias permeado de sonhos e sal, de mar e velas, jangadas e algodão. Temos as melodias do reizado, dos congos ancestrais, de maracatus dolentes. História contada em cordéis infinitos.
O cearense se reconhece no olhar, numa cumplicidade única em meio a tantos povos. Conhecemos-nos pelo dialeto, pela forma de tratar afável, pela bravura indomável, fé inabalável, muito embora a paisagem esturricada de vez em sempre diga não. Por isso achamos bonito aquele tempo chuvoso, que deixa passarinho nervoso procurando abrigo, pois sabem que quando o céu está negro a tempestade vem à galope que é pra gente festejar no terreiro, correndo na areia molhada, tomando banho de bica que escorre do avarandado.
Temos a delicadeza das dunas, o colorido das areias nas garrafas, os fios rendados nos bilros e labirintos, os mares de um verde sem fim, rompemos paradigmas, contradizemos predições, desconstruímos conceitos, fundamos códigos, fazemos verdade. Jangadeiros que enfrentam ondas e borrascas. Recarregamos em nossas praias a energia ensolarada de redes que balançam, de conversas que embalam, de amigos que se encontram. Vamos e voltamos como quem busca reencontrar a nós mesmos. Nossos caminhos, por mais longos que sejam, terminam nesta terra de abraço carinhoso e inexplicável beleza.
Fugimos dos padrões, as convenções nos assustam, renovamos pensamentos, adubamos movimentos, somos um moto contínuo, uma raça esquisita, de mulheres mais que bonitas, fortes, morenas, decididas.
Somos um povo de homens de brio, de vergonha na cara, de sorriso que escancara, que jamais recua, que não contém o avanço, que não conhece descanso, sempre a lutar por mais um dia.
O Ceará é assim. Um povo que libertou seus escravos antes do Brasil. Que escreveu sua história com ternura e fogo. Um mar de contrastes sem parelha, de paisagens e delírios, de vertentes e correntes, de coragem e sonhos. É lugar de gente boa, povo macho, pujante, feliz. Um celeiro de personagens.