Tuesday 11 December 2007

Educar para não punir.

Educar para não punir. Essa é uma máxima na qual devia residir a filosofia de alguns órgãos públicos. Já se disse algumas vezes que, se tivéssemos mais escolas, poderíamos ter menos presídios. É a pura verdade.

Em Fortaleza, essa cidade tão linda de se viver, ocorrem situações que causam espécie em quem é vítima ou simplesmente a quem assiste as arbitrariedades que acontecem. Essa tarde fui testemunha de uma que quero deixar registrada aqui. Passeando pela Beira-Mar, como é de hábito fazer quase todos os finais de tarde, eis que vejo uma viatura da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania de Fortaleza), identificada como VT 006, placas HYC 0293, chefiada por um indivíduo que abanava o código de trânsito no rosto de uma senhora que levava seu filho pequeno. No interior do carro, outra criatura vestida em roupinha azul, empunhando bloco de multa, penalizava quem estava estacionado defronte aos restaurantes do final da orla. Em desacordo, primariamente, com o bom senso, e depois com a lei que dizem guardar, o carro da AMC estava arrogantemente parado em fila dupla. De dentro da viatura o bloco arrebentando os motoristas incautos.
Há que se normatizar o trânsito sim. Há que obedecer a lei sim, mas simplesmente multar não me parece a forma mais didática de ensinar, numa cidade, que, curiosamente, é governada por uma professora. Devia ser missão desses despreparados agentes de trânsito, orientar as pessoas, pedir de forma cortês para que retirassem dali seus automóveis, evitando assim a multa. Não, isso não acontece. Parecendo orientados a cumprir uma meta arrecadadora, as criaturinhas azuis agem rápido, e mesmo diante de apelações de alguns contemplados, sem dó, aplicam-lhes as multas. Implacáveis para exigir a lei, mas não para cumpri-la, dando mau exemplo e desfigurando o título da autarquia que servem, que fala em cidadania, os funcionários da AMC, pagos pelo contribuinte, prestam um desserviço a população fortalezense. No mesmo horário, uma Aldeota padecia pelo caos do trânsito e lá nenhuma das criaturas azuis estava para ajudar a fluir melhor as artérias daquele bairro. Não é interessante isso?
E vou mais longe. Se querem saber, estamos em plena campanha natalina da AMC, que tem o comovente título: “Natal de Paz E Solidariedade No Trânsito”. Não é um verdadeiro conto de Noel? Não parece um absurdo se querer educar assim?
Pois então, fica aqui a sugestão. Que a AMC não envergonhe a nossa cidade com esse tipo de conduta, que certamente não é cara do orgão e de seus colaboradores, muito menos a cara de nossa Fortaleza e sua boa e honrada gente.